terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ver s.o.s.

Um suspiro calado, desavergonhado, lânguido, expressando a falta indizível.

Maçãs frias de manhãs enevoadas, habitantes de olhares sorrateiros, flutuantes, amores fixos.

Pedestais ensolarados, sombras projetadas no chão por onde a vida escorre.

Correr para o infindável seio da brevidade, transições atravessadas pela ira do atemporal.

Tempo oral, falas vazias, têmporas, pedras úmidas acariciadas pelo vapor.

Vá Pôr! A mãe diz ao filho, mas numa passividade rebelde, diz põe! Impõe! Indispõe.

Descolore o veio sem ritmo, corrompe ideais perdidos, sedimenta caudolosos vernizes.

Quando a vida esvai, escasseia segmentos, ex-vai, ex-foi, ex-pulsa, expõe.

Um suspiro tagarela, envergonhado, contraído, silencia para o todo da palavra.

escrito por Alex Azevedo

2 comentários:

Unknown disse...

Ai está.
O lado poeta do Alex.
Quase impossível função: na poesia falar da psicanálise. No verso quase tocamos o Real. É sublime.
Palmas e abraço.
Paulo Castro.
º

Ade Pontes disse...

De extrema criatividade, Alex.
Sempre há um pedido de "socorro" na poesia e, este, nem sempre é possível de ser visto ou escutado.
Assim são os caminhos poéticos: cheios de uma vida que se/quer vivida.
Bjs
Adelaide Pontes