domingo, 29 de maio de 2011

Na Sacada.














Da sacada do quarto em que estou hospedado, respiro o temperado aroma do mar. Nela eu escrevo. Alguns pinguinhos errantes, órfãos de chuva passageira, colorem o frio da manhã com sabor de orvalho.

Ainda tímido, o sol lança seus primeiros raios em direção à natureza adormecida, envolvendo-a num maternal abraço. Com famintas risadas, gaivotas, fragatas e mergulhões serpenteiam seus corpos lânguidos num alvoroçado bailado de plumas. Seus voos rasantes e circulares indicam a presença de traineiras ancoradas no cais do porto, oferecendo, além do banquete de peixes frescos, um deleite visual.

Aos pés da cruz cravada na areia fofa - símbolo material e histórico de uma missa rezada por jesuítas - um cachorro ladra para o alto do monumento, talvez tentando afugentar algum pássaro insubmisso à catequese, ou reverenciando o passado remoto que se condensa na paisagem que meus sentidos captam. Ao redor desta cruz inaugurada em homenagem à chegada da coroa portuguesa, vários pratos de cerâmica, como se fossem caldeirões de bruxas, de ritos africanos, traduzem a mistura de credos tão estranha e fascinante que adorna o complexo povo brasileiro.

O aspecto lúgubre dos móveis e objetos decorativos da suíte em que estou, na penumbra, contrasta com o adocicado verde-claro da virgindade de folhas beijadas por ventos preguiçosos e brincalhões. Franzidas em feixes de suspiro, as ondas tocam minhas mãos com um som fininho - estribilho assoviado.

Ao fundo, uma cordilheira azulada repousa no sombreado projetado por cinzentas nuvens. Vagarosamente o céu se rompe e cumprimenta o bordado montanhoso de nuanças esverdeadas. Com as bochechas rosadas por pequeninas florescências ornamentais, a saliente vegetação típica daquele litoral afunila nas laterais do cais como longas costeletas mal-aparadas pela navalha do barbeiro.

Obedientes ao regime do tempo, as densas nuvens carregadas de chuva emagrecem, afinam, coroando o cenário costeiro com rabiscos vibrantes. O sabor de maresia dos velhos barcos esquecidos na orla dissemina pigmentos amarelecidos sob as unhas dos dedos que apertam visceralmente a caneta com a qual agora escrevo. Numa ilha não tão distante, o arvoredo solitário esvoaça sua volumosa cabeleira distribuída por sinuosos e desalinhados galhos de um imponente tronco.

Imerso na confluência de sensações que brotam do exterior que contemplo - não de fora, mas integrado no meu íntimo - observo que na casa ao lado, roupas íntimas balançam estendidas no varal. Tal visão denota que não estou só, mergulhado num teatro introspectivo. Aquelas peças desavergonhadas da intimidade feminina acenam para mim, sacudidas pelo sopro leve de trás dos montes - anunciam a existência rebelde que entra em sintonia com afetos cortantes, libidinosos e alcoviteiros.

Espicho o pescoço sobre meu ombro esquerdo para melhor visualizar as particularidades alheias e me deparo, não sem surpresa, com uma jovem mulher deitada de bruços sobre uma esteira de palha. Procuro reprimir meu turbulento olhar, temendo que ela me flagrasse em ato delituoso - invadindo seu espaço privativo -, mas os contornos proeminentes da moça impediam que me desviasse desse enquadre visual. Apesar de ser um dia deslumbrante e inspirador, o clima está frio, com ventos capazes de arrepiar dos pelos da nuca até a espinha dorsal. O que faz então uma pessoa seminua - em trajes de banho - deitada com tal exposição ao relento, no terraço descoberto de sua casa?

Independente de minhas desconfianças e resistências, ela continua lá, insinuando-se ao mar. Bronzeia-se com um sol que de tão inibido, acima das emaranhadas e desajeitadas nuvens, belisca pedrinhas de gelo açucaradas que se dissolvem em contato com as flácidas línguas das palavras soltas no ar. Dizem que o sal levado dos oceanos à margem das praias queima mais do que o intenso calor dos dias quentes de verão. Mas também resseca e deixa a pele quebradiça, desidratada.

Essa moça vai pegar um resfriado rapidamente se ela não se cuidar! Mas o que estou dizendo? Não desejo que ela saia. A exuberância silvestre se decomporia caso ela ouvisse tal estúpida sentença e resolvesse segui-la cegamente. Ela não faria isso! É muito maior do que a significante pequenez de minha consciência.

O apetite insano do meu olhar já se rendeu à escravidão das curvas, reentrâncias nauseadas e desfiles de texturas daquele corpo pulsante e magistral. A natureza que até então detinha a exclusividade do meu desejo ocioso, agora divide terreno com a visão da exótica miragem feminina. Ela não se exibia como um desatento comentário pudesse sugerir. Seus espontâneos gestos, dobrando os joelhos para alçar seus pezinhos em movimentos aleatórios, alternam-se com suaves mexidas dos dedinhos. Essa graciosidade revela que a silhueta da paradisíaca topografia - suas bordas irregulares, informais e curvilíneas - toca o marinho celeste, coincidindo com toda a formosura da moça.

Descobri que minha atenção não cedeu lugar à paisagem humana. Não há diferença entre aquela mulher e a natureza contemplada. Ela também não é apenas uma parte complementar, como o reflexo da luz sobre o espelho d’água. Ela vai além do limite racional, pois sintetiza todo o fenômeno natural que viceja por letras trêmulas e dançantes: O bocejo matinal do astro rei; A saudação das gaivotas aos primeiros barcos de pescadores tiritando de frio após longa jornada de trabalho; O abraço encabulado da manhã ao estender o lençol quentinho na madrugada que chora; As piscadelas dorminhocas do relevo verdinho que responde às generosas carícias da linguagem dos ventos; O espirro repentino das teimosas nuvens molhando a varanda na qual escrevo. Bons presságios saltam em labaredas do corpo de mulher deitado de bruços.

Suas chamas ardem na garganta do meu afetado discurso. Mesmo sem jamais tê-la visto antes, desde o início, enquanto relatava extasiado o amanhecer, era apenas ela, tacitamente, que conduzia o deslizar da caneta sobre a aridez enevoada do papel. Transmitindo o amor em sonoro silêncio corporal, com a calmaria de marolas ninando as embarcações, ela dialogava com o mar inconsciente, influenciava minha percepção e hipnotizava minha mão numa eloquente psicografia.

Acho que ela de alguma forma sentia minha ávida presença na ausência narrativa de meu fictício ser. Ainda tenho dúvidas de que ela existisse de verdade. Em nenhum momento ela esbarrou seus felinos e inocentes olhos com o olhar licantropo deste falso cordeiro que aqui escreve. Apesar disso, acredito que cada minúsculo pelo eriçado e cada imperceptível poro dilatado daquela pele feminina, retumbava numa comunicação primitiva com meu corpo adotado pela experiência sensorial, mas carente de verbo.

(...)

Agora que concluo esta história, alinhavado por agulhas sem novelo e carretel, a noite já caiu, cobrindo com denso véu, o cais que agora se ilumina com brilhantes lâmpadas incandescentes. Nem vestígios da moça. O lugar em que esteve deitada foi lambido pela indubitável escuridão. A esteira de palha também não mais se encontrava lá.

Dizem que à noite todos os gatos são pardos, que ela é inequívoca e coisa e tal, mas acabo de ver um gato preto pilando o muro e cruzando meu caminho. Bem... Isso é outra história. Agora preciso dormir para aguardar um novo amanhecer.

O céu está limpo, estrelado. Talvez não chova...


CRÔNICA ESCRITA por ALEX AZEVEDO DIAS.


P.S. Eu escrevi "Na Sacada" neste final de semana, durante uma manhã em que estive sentado numa sacada - varanda lateral - de um quarto de pousada em Arraial do Cabo. Pude sentir o mundo acontecer, não sem ser eu mesmo - e me aprofundar numa inusitada aparição externa que me despontou no íntimo o impulso literário. Essa sacada dava para a praia dos anjos na qual se localiza o cais. É lá que os pescadores - principal fonte de renda do município -, além da extração de sal, concentram-se, organizando o comércio local. Ao lado, a pracinha inaugurada em homenagem à chegada do navegador italiano Américo Vespúcio, a mando da coroa portuguesa. Em frente a essa praça, a igrejinha construída em 1503: Nossa Senhora dos Remédios. Na areia, em direção à praça, uma cruz de madeira em tamanho natural simboliza a primeira missa rezada em território cabista.

sábado, 21 de maio de 2011

Serenidade.














Sentada à beira de um rio, com os pés cruzados à altura dos tornozelos, Hana já havia trocado a exaltação pela calmaria. Sabia que não seria capaz de mudar aquele destino. No início protestou, blasfemou, foi à luta. Fez das tripas coração para interferir na violenta realidade que lhe aguardava de braços abertos. Mas apesar dos esforços não medidos, o resultado era inalterável, recebendo apenas a frustração como resposta pela paciente impotência de sua condição humana.

Quando a notícia trágica lhe cumprimentou fugazmente, um sorriso incrédulo resplandeceu no semblante castigado. Pediu que repetisse a comunicação, na esperança que seus ouvidos tivessem lhe pregado uma peça. Mas a sentença fora proferida com todas as vírgulas e pontos em seus respectivos lugares - afastando qualquer possível equívoco que a negação da morte pudesse articular.

Seu sorriso inverteu. Murchou como botão de flor que não desabrocha. Uma súbita necessidade de gritar lhe alfinetou a garganta e acariciou as cordas vocais. Não reprimiria o sincero apelo de suas vísceras em estado de choque. As náuseas aos borbotões não respeitavam a lei da gravidade. Força desumana que lhe corroia o íntimo macerado.

A inquietude de Hana logo adquiriu um aspecto brando e cristalino, ocupada pela serenidade que lhe invadia o espírito condoído. A mãe que morava sozinha em uma casinha no interior de sua cidade natal, logo surgiu em seus pensamentos. O marido e os filhos estavam se divertindo numa viagem de férias e Hana não queria ser a porta voz da desilusão. Ela não teve a licença de seu emprego para se integrar à família na viagem dos sonhos de seus filhos. Combinou com eles que ficaria em casa enquanto eles sairiam com o pai - afinal os momentos com o pai pouco duravam. Além disso, o dia agendado para buscar o resultado de alguns exames estava se aproximando. Há tempos, Hana sentia um mal-estar indescritível. Esteve se consultando com diversos especialistas, até chegar a um clínico que recomendou alguns exames.

Aproveitou o tempo em que passava só em casa e foi pegar o documento que lhe causaria irreversível estrago em seus projetos de vida. Questionou se o poder da descoberta não aceleraria sua partida deste mundo. Talvez, se não soubesse, seu corpo não reagiria com a tal volúpia destrutiva que lhe arrancaria as entranhas. Mas foi aí, com o recorrente desejo de visitar sua mãe que começou um incessante ritual. Deixou os seus pais para crescer na carreira de artista plástica na cidade grande. Em uma das inúmeras exposições de seus trabalhos em galerias de arte, conhecera seu marido, um curador responsável por organizar os eventos artísticos.

A última vez que voltou ao vilarejo em que nascera foi para enterrar seu pai que morrera de ataque cardíaco durante a lida na lavoura. Há quase dez anos só conversava com a mãe por telefone, ainda assim quando combinavam para que ela fosse à rua e ficasse próxima a um telefone público, pois não tinha aparelho instalado em sua casa e não se adaptou com o uso de celulares. Às vezes também contava com os favores dos vizinhos, em caso de urgência, como a notícia da morte do pai de Hana. Sua mãe pediu que um vizinho de confiança desse o recado à sua filha, pois ela já estava fraca para encarar tal missão dolorosa.

Hana sempre insistia para que sua mãe fosse morar com sua família na cidade grande. Mas a velha mulher não suportava a hipótese de se separar de seus pertences rústicos. Jamais admitia a sofisticação das cidades grandes. A filha nunca conseguiu convencê-la de que morasse com ela, nem mesmo de que fosse visitá-la na capital paulista. A única vez que viu seus netos e pôde abraçá-los, foi no mesmo enterro do seu marido - ocasião tão difícil de enfrentar para ambas as mulheres, mãe e filha. Os filhos de Hana gostavam de conversar com a avó por telefone, mas se deslocar até um orelhão público já se tornara um sacrifício para alguém que a velhice já acenava à entrada de seus aposentos. A mãe de Hana foi nascida e criada na mesma casa no sertão da Paraíba, onde teve seus seis filhos, criou-os e os educou bravamente. Um filho morreu durante a juventude em aventuras insólitas pelo mundo afora, à procura de emprego e de diversão. Acabou se envolvendo com contrabandistas da região, contraiu dívidas e foi assassinado em acerto de contas. Três outros filhos se estabeleceram em lugares longínquos também no nordeste brasileiro - afastados do interior. Só um permaneceu na mesma casa, ajudando o pai a cuidar da lavoura até conhecer uma mulher que amarrou seu coração como um vaqueiro laçando o gado no pasto e o levou para Goiás - terra em que o pai da moça era proprietário de uma fazenda pecuarista. Hana, a única filha, nessa época já desenvolvia trabalhos plásticos muito valorizados na Paraíba.

Desde novinha, Hana demonstrava seu afinado talento. Juntava objetos aparentemente inúteis espalhados no quintal, montando belas esculturas, inclusive com sobras de madeira do fogão de lenha, parafusos e britas. Suas obras infantis eram apreciadas pelos vizinhos e enfeitavam a mesinha de cabeceira dos pais ou a humilde arca da salinha na qual a família se reunia para ouvir música no final da tarde.

Quando já estava adulta, um caçador de talentos que passava pela Paraíba, ouviu rumores sobre a riqueza poética dos trabalhos plásticos de uma mocinha do sertão. Foi até lá, comprovou o valor artístico de suas obras e a convidou para acompanhá-lo em sua viagem para São Paulo. Ele propôs matriculá-la numa escola de belas artes para lapidar suas virtudes manuais e visuais, prometendo um sustentável retorno financeiro. Como Hana já era adulta, coube somente a ela essa decisão. Mas o conflito por deixar seus pais sozinhos - era a única filha que ainda continuava ao lado deles - estremecera aquele corpo que também recebera belos retoques artísticos pela genética de seus genitores.

Mas, como era de se esperar, sua vocação vencera o medo da distância. No dia seguinte à proposta do caçador de talentos, Hana já arrumava suas malas com as modestas peças de roupa ocupando a menor parte do espaço. A maioria absoluta do espaço das malas fora ocupada por suas esculturas prediletas para apresentar à escola de belas artes. Dois dias depois, embarcou para São Paulo sem previsão de regresso. Despediu de sua mãe com lágrimas nos olhos e deu um abraço apertado e demorado em seu velho pai.

(....)

Já com a morte jogando pedrinhas na janela do seu quarto de dormir, com a ideia fixa de visitar sua mãe e de repousar no colo da encantadora natureza na qual cresceu, Hana amadureceu seus planos para viajar de volta ao sertão paraibano. Sabia que não seria fácil tal empreitada. O problema não era o preço de uma passagem de ônibus ou de avião, afinal ganhava muito bem com suas exposições, mas a duração da viagem e a conversa que teria com seu marido e filhos, justificando seu desejo.

Não é que ela devesse explicações à família, mas seu lugar de esposa e de mãe já deixava transparecer uma saudade antes mesmo de partir. De qualquer forma, precisa ter uma séria conversa com seu marido, transmitir-lhe a notícia de sua brevidade, e combinar com ele a melhor maneira de contar que sua partida não resumiria a uma simples viagem para outro estado do país. Ela não confiava na possibilidade de um filho assimilar a morte da mãe, muito menos na idade deles. Como superar essa partida. Como lidar com a perda? E a sua perda, em deixar seus filhos? Pensou em adiar essa conversa. Seus sentimentos eram comprimidos como o teto que desce e achata a cabeça dos prisioneiros nas câmaras de tortura que via nos filmes. Esperou o marido e os filhos voltarem de férias.

No meio de prantos e indignações, soluços e amarguras, Hana enxugou uma lágrima do rosto de seu marido que mais parecia um tristonho orvalho ao escorregar pela macia folha verde - como um choro baixinho - antes de secar e subir como vapor d’água para o sol da manhã. Resolveram que poupariam os filhos de maiores detalhes. Contaram apenas que Hana faria uma viagem longa para cuidar da vovó que já estava bem idosa e não poderia continuar sozinha. Precisava do auxílio de sua filha para o serviço doméstico e outros afazeres. Seus filhos protestaram um pouco pelo afastamento da mãe, mas rapidamente compreenderam a situação e se convenceram de que a mãe precisaria fazer tal viagem.

Os filhos fizeram-na prometer que em breve ela voltaria. Esse pedido amoroso e carente dos filhos provocou alguns soluços que logo contiveram o choro doído para não causar sofrimento nos filhos. Hana reprimiu as lágrimas e as trocou por um leve sorriso. Os filhos visivelmente emocionados, mas alegres em ter sua mãe por perto, saltaram no pescoço de Hana e todos deram um demorado e gostoso abraço. Ficaram naquela posição por um bom tempo, até que eles se recuperassem do impacto afetivo e descansassem do choro. Hana os colocou para dormir, cobrindo-os e beijando as pequeninas testas dos filhos e foi para o quarto com o marido.

(...)

Hana chegou sem avisar no final da tarde. Sua mãe estava sentada em sua cadeira de balanço na varanda da antiga casa, fazendo uma colcha de crochê. Ao ver a filha se aproximar, ela se levantou com dificuldade pelas dores no corpo, mas sem senti-las, mergulhada que estava na emoção do reencontro, e se esforçou para chegar até a filha - o máximo que seus frágeis ossos lhe permitiram. Mas Hana, deixando suas malas soltarem de suas mãos, até tombarem no chão de barro, foi em direção à mãe, correndo de braços abertos. As duas mulheres machucadas pela vida abraçaram-se com tal singular vibração que só amor entre a mãe e sua filha é capaz de explicar. Aquele instante sublime encurtara quilômetros de distância e quase dez anos de um tempo que separou as duas fisicamente, mas não em seus corações.

(...)

Sentada à beira de um rio, com os pés cruzados à altura dos tornozelos, Hana já havia trocado a exaltação pela calmaria. Não tinha mais do que temer. Encontrara sua mãe, seus filhos estavam aos cuidados de um pai generoso, atencioso e dedicado. Logo ele encontraria uma mulher igualmente carinhosa que cumpriria a função de mãe na educação de seus filhos. Sentia a falta de todos, assim como doía saber que os seus também levariam tempo para assimilarem sua partida. Mas a certeza que estavam todos bem direcionados na vida, que fizera um bom trabalho, confortava-a, mesmo que não plenamente.

Estava naquele lugar, pois a natureza da sua infância a havia chamado. Precisava se reconciliar com aquele lugar há muito tempo esquecido. Retornara à sua alma com tamanha vivacidade e júbilo íntimo, despertando uma sensação afetuosa como o afago de seus pais e irmãos. O sentimento era tão puro e acolhedor, que subitamente sentiu sonolência. Uma moleza prazerosa começou em seus pés e foi subindo lentamente até relaxar a sua face antes contraída por algumas preocupações.

Deixou seu corpo reclinar levemente até encostar-se à grama fresca com um tom claro de verde. Há muito tempo não sentia o cheiro do mato, não ouvia o som dos pássaros e das águas apressadas dos riachos. Com os dedos, cavou um buraco na terra e entrou em contato com a umidade juvenil do solo. Estava muito satisfeita em dialogar com sua natureza interior representada em cada sentido seu que contemplava a flora de sua terra natal, tocando-a. Fechou os olhos e se permitiu tatear todas as folhinhas em que seu corpo repousava. O cheiro do sol se pondo, misturado aos pinguinhos do riacho que pulavam em seu rosto quando as águas se encontravam com as pedras, compuseram fielmente o deleite daquele inesquecível momento.

Logo, suas preocupações se afastaram, seus pensamentos foram esvaziando até não mais assustá-la. Hana era puro sentir, era puro tato, olfato e audição. De olhos fechados, sem ver com os olhos carnais, absorvia o sabor das imagens de paz que presenteavam seu paladar. Serenamente Hana adormeceu. Não pensava em nada, não tinha dor. Só ouvia a cantoria das aves - saudando-a -, sentia o cheiro do mato, do rio, e o sabor da suave melodia que lhe acariciava como a pétala da flor que seu pai lhe ofereceu nos seus quinze anos.

Com o passar das horas, Hana se desapegou do seu ser. Hana não era mais Hana. Ela era cada gotinha do riacho que escorria por sua face em límpida placidez. Ela era a canção dos pássaros, o sabor da terra molhada e a textura verde da grama. Hana passou a ser apenas a sua natureza... E partiu serenamente.


CONTO ESCRITO por ALEX AZEVEDO DIAS.

sábado, 14 de maio de 2011

O Misterioso Homem do Café.














Pela calçada de pedrinhas portuguesas em formato de mosaico, já estufada por salientes raízes das árvores decorativas, caminho em direção à hospitaleira cafeteria do outro lado da rua. Acelerei o passo para secar ao vento os últimos vestígios de roupa encharcada, ainda resistentes, deixados por uma rápida tempestade que me pegou desprevenido já no trajeto para o café. Ao atravessar as principais ruas, no horário em que a maioria das pessoas larga o experiente, observei rostos apresados, satisfeitos, aflitos, invisíveis, contemplando a grandiosidade do instante, ou mesmo entregues à pequenez do momento.

Alguma cumplicidade me laçava a cada um daqueles rostos, inclusive os que ostentavam um afeto paradoxal, indistinguível aos meus olhos complacentes e enevoados. Quanto mais me distanciava do espaço central no qual a multidão se entrecruzava, os semblantes se desanuviavam, adquiriam maior leveza, esvaziando-se das energias caóticas e pardacentas.

Essa cafeteria fica num ponto pouco frequentado, ideal para um público - que seja o mínimo possível, claro - com certo grau de misantropia, palavra que acredito ser mais sofisticada e possuir uma atmosfera mais obscura e enigmática do que a sua irmã curta e grossa: a palavra “antissocial”. Talvez, ao contrário do que possa parecer para mim, tentando camuflar um pouco algumas realidades, a palavra “misantropia” só seja usada pelos próprios antissociais. Mas a minha se resume apenas a não participar das conversas como um protagonista - embora os acontecimentos nos peguem de surpresa e nem sempre é possível manter tal isolamento -, pois participar da mesma com a invisibilidade necessária para apenas escutá-la sem ser visto, pode ser considerado meu hobby predileto, inclusive sendo condição para que eu escreva estas linhas.

Sentei-me à mesa, já com o pedido feito, e olhei ao meu redor para me certificar que o ambiente estava propício para a prática da minha passividade. Realizando meus impulsos voyeuristas, notei que entre a mesa à qual estava sozinho, saboreando meu cappuccino, e as demais mesas, havia um espaço vago confortável - traduzindo: nem uma viva alma estava por perto. Mas ao visualizar um ponto mais afastado, percebi que havia um sujeito solitário como eu, com a diferença que ele estava finalizando seu ato de canibalismo, comendo um sanduíche e bebendo um refrigerante - embora devorasse a si mesmo achando inocentemente que comia apenas um pão com carne.

Ele parou de comer repentinamente, recostou-se no espaldar da cadeira, pôs as mãos no queixo, com ares de enfado, apoiando a cabeça com os cotovelos sobre a mesa já bagunçada pelos restos de sua gula. Eu continuei deleitando meu paladar com o cappuccino cremoso e quentinho, acompanhando-o com um olhar taciturno. Mantendo a mesma posição, virou levemente a cabeça para seu lado esquerdo, em que havia uma barra de ferro, semelhante a um corrimão, e logo desfez sua inércia, apoiando agora os braços nessa mesma barra, substituindo a função da mesa na qual repousava. Já apoiado no corrimão, com o corpo virado para o seu lado esquerdo, novamente deixou a cabeça sobre suas mãos e se demorou como se tivesse prestando a atenção em algo. Seus olhos esboçavam um sorriso, apesar de sua boca não se mexer. Como se fosse um dedo apontado, segui o seu olhar para saber o que tanto o seduzia silenciosamente.

À sua frente - também para a minha surpresa -, com algum esforço para ver, debruçando-me sobre a mesa, pois uma pilastra tampava minha visão, havia outra mesa ocupada por quatro mulheres de um lado, já de idades avançadas, e um casal vestido elegantemente. O homem continua virado para a esquerda, com os cotovelos apoiados na barra de ferro e a cabeça repousando sobre as mãos. Ele olha fixamente para o grupo de pessoas. Por um momento, mesmo sendo uma remota hipótese, penso que de alguma maneira ele pertencia ao tal grupo. Mas eles ignoravam sua presença.

As quatro mulheres estavam muito sérias, quase nem piscavam. Só o casal sentado junto em um dos lados que falava como se tivesse instruindo as quatro mulheres do outro lado da mesa. Elas prestavam absoluta atenção nas orientações do casal. Será que seriam testadas para entrar em algum tipo de clã ou sociedade secreta? Ou eram as vítimas de um seqüestro e seguiam as regras do jogo para se libertarem? E o homem misterioso que só os observava de outro lugar? Mas eu também era um homem misterioso que os acompanhava com o olhar, inclusive acompanhando o homem misterioso que observava o grupo da outra mesa.

Como numa possessão demoníaca, o homem solitário começou a puxar assunto com o grupo, falando sem parar como uma metralhadora giratória monologada. O grupo imediatamente silenciou. O casal, tendo suas instruções interrompidas pela invasão do solilóquio estrangeiro, teve a automática reação de olhar o sujeito esquisitão que não fechava a matraca. Já as quatro mulheres, mesmo percebendo que o som agora vinha de outro lugar e que o casal agora estava mudo, continuaram estateladas na mesma posição anterior, olhando fixamente para o casal mudo.

Eu não conseguia ouvir o que o homem misterioso falava. Será que era mais um comparsa dos seqüestradores que agora revelara sua identidade e se unia aos algozes para castigar as pobres vítimas? Em meio ao discurso inaudível pela distância em que estavam, notei que por um aceno de mão, o casal convidou o estranho para se sentar à mesa do grupo. Ele se levantou rapidamente da cadeira em que estava e se locomoveu até o grupo. Ele só se calou durante esse percurso, pois retomou sua fala histriônica logo que se sentou ao lado do casal.

Ele tinha um tipo suspeito, talvez por estar antes sozinho, mas eu também estava sozinho sentado à minha mesa, então, se eu pudesse me ver nessas condições, também me acharia um tipo suspeito. Durante todo o tempo em que o ex-solitário não parava de falar, todos permaneceram calados e olhando para ele, com exceção das quatro mulheres que não abriram a boca e nem se deram conta da presença do estranho, pois continuaram sem tirar os olhos do casal mudo, como se fossem quatro autômatos.

De repente, o homem misterioso bateu na mesa com a palma da mão, deu um salto, abraçou o casal que nem sequer se mexia com o tal gesto supostamente afetuoso, e se despediu, dirigindo-se para a saída. O grupo ficou um pouco ainda em silêncio, inclusive o casal, como se estivesse atônito, tentando se recuperar de um choque anafilático, mas logo retomaram a discussão, rindo um pouco para descontrair. Uma das quatro mulheres, como um ato totalmente inesperado, imitou a risada do casal e fez um breve comentário - também inaudível para meus ouvidos discretos. Foi aí que me dei conta que naquele grupo ocorria uma entrevista de emprego.

O casal era de gerentes da cafeteria, e as mulheres, assustadas, as candidatas ao trabalho de balconista. Comecei a ouvir o argumento do casal, afirmando que os funcionários daquele estabelecimento era uma família e que se houvesse algum problema de convivência, não deveriam levar desaforo para casa, contando aos gerentes o acontecido. Mesmo o casal de gerentes ser bem mais novo que as quatro mulheres, ele estava atraindo a confiança das quatro com um discurso paternalista de proteção - claro, esperando controlar todas as possíveis situações que se passassem com suas funcionárias. As quatro, um pouco mais relaxadas, ouviam atentamente as instruções dos dois.

A conversa não se alongou muito após a despedida do homem que continuou sendo um mistério para mim. Logo o grupo se desmanchou. As quatro pretendentes ao cargo foram embora. O casal continuou sentado esperando a saída das mulheres, mas após essa saída, debateram um pouco sobre elas. Depois, levantaram-se abraçados, muito sorridentes, e retomaram suas funções na cozinha da cafeteria. Já eu, segurando o fôlego para tomar a última golada de um cappuccino já frio, depositei a xícara vazia sobre a mesa. Novamente sozinho, recostei na cadeira e me pus a refletir como começaria a escrever esta estória que acabo de encerrar por aqui.


CRÔNICA ESCRITA por ALEX AZEVEDO DIAS.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Adèle e Ismael.














Ismael sentia calafrios só de pensar em Adèle - mulher faceira e perigosa. Gestuais sinuosos e frágeis, formando símbolos no ar pela firmeza de suas mãos, ao penetrarem o sólido terreno da linguagem corporal, contrastavam em labaredas de uma personalidade que derretia os menos avisados ao ousarem chegar muito perto da moça.

Uma irresistível atração não permitia que Ismael se afastasse de Adèle durante as inúmeras repetições do seu vozerio atordoante. O tempero da relação dependia dessa pitada de fúria latente, aquecendo o casal debaixo dos lençóis. Quando a ferocidade se convertia em volúpia, ambos terminavam engalfinhados até no piso frio ou no carpete empoeirado. Só que o mesmo deslimite que emprestava suficiente virulência para os prazeres íntimos, explodia em desafiadoras lâminas que se embebiam em envenenados curativos.

A ação impiedosa da boca maldita era capaz de decapitar qualquer resíduo de satisfação sonolenta que tivesse a audácia de colocar o pescocinho para fora dos panos em que Ismael jazia intrépido em noites mal dormidas. A tônica inflamada sempre recaía em Ismael - que nada se assemelhava a uma ingênua vítima. Na expectativa de ser agraciado pela seiva bruta daquela mulher, provocava-a até tirá-la do sério. Adèle soltava fogo pelas ventas. Quando chegava a esse extremo, de tão ardida que era a pimenta usada para lapidar a libido e animar a festinha particular, invariavelmente Ismael saía chamuscado da contenda. Adèle esbravejava, sacudia-se, estapeava-o.

Embora Ismael se reduzisse a um estado deplorável, não se ofendia pelas reações intempestivas da mulher. Muitas vezes, submerso no festival de pancadarias e bordoadas deixadas pelos punhos, joelhos e unhas da irascível Adèle, Ismael se surpreendia com certo gozo pornográfico que exalava de suas feridas. A fúria incontrolável da mulher causava tantas excitações quanto mais pulsantes eram as dores físicas. Após os primeiros tabefes, apesar de acuado e severamente machucado, já respirando com dificuldade e dobrado sobre as pernas, em forma de concha, pelo impacto sofrido no diafragma, Ismael teve uma leve dúvida - com mais certeza do que desconfiança - que naquela posição humilhante, um estranho frenesi percorria enfaticamente os seus membros inferiores.

Logo a certeza irrefutável substituiria a cambaleante dúvida. As dores impressas em seu esmurrado corpo franzino caminhavam de mãos atadas com a crescente manifestação de um erotismo súbito, indecoroso e desavergonhado que vibrava em suas partes baixas. Cada pancada era uma alegria com cara de agonia. Sorria com o semblante contraído, revelando falsa angústia. Celebrava cada arranhão na alma introduzido por seus pequeninos olhos assustados. Em meio aos destroços de si, da dor impingida por cada mordida ferina da mulher, reconhecia que o sentimento que lhe cumprimentava em seus refolhos mentais só poderia ser a tal da felicidade.

E assim se sucedia a crueldade apaixonante de Adèle. Atração fatal que produzia um empuxo no faminto desejo de um homem que implorava pela maciça e exclusiva presença daquela que o arranhava por inteiro, mas que, enquanto isso, ela não seria de mais ninguém. Ele pedia e ela o torturava. Ela o feria e ele negava o prazer, acusando-a.

Ismael sentia calafrios só de pensar em Adèle - mulher faceira e perigosa. Talvez ele não a amasse, mas amava ser seu foco de extermínio. Era assim que ele existia, era assim que ele garantia seu lugar no desejo de Adèle. Sentia-se vivo ao apanhar. Mas não de qualquer uma. Apenas da Adèle - mulher faceira como erupção e perigosa como uma pétala de rosa.


ESCRITO por ALEX AZEVEDO DIAS.

O Reinado das Cores num Reino sem Cor.














Em seu reino, o rei Florêncio atravessava dias sem cor. A fauna e a flora desse reino foram desbotadas por uma enigmática clareira que se formou no centro do palácio. Ao contrário do que a lógica aponta, essa clareira não iluminou o reino, mas sim o fez escurecer gradativamente até quase apagá-lo do mapa, engolindo-o em trevas.

Uma névoa de forte claridade desceu das montanhas geladas e reduziu as esplêndidas nuances de cores ferventes, numa morna escala de cinza. A princesa Mércia que cantarolava em círculos com suas filhas, tomada de espanto, soltou-se das mãos das crianças e, como que se engasgando com o ar, levou uma das mãos à boca. Já as meninas, maravilhadas que estavam com os tons cinzentos, preencheram o espaço vazio da ciranda - ocupado pela ausência da mãe - e entoaram cânticos em reverência ao fenômeno inusitado.

Para elas, o colorido não havia as abandonado, pois pela primeira vez, entraram em contato com uma palheta de variações do cinza que antes não existia. O rei Florêncio, surpreendido pelo comportamento das netas, substituiu o pavor que o engessava pela livre curiosidade infantil. Aproximou-se da clareira enegrecida, tocou-a e teve a experiência de uma mágica transformação dos pigmentos de sua pele de ancião, rejuvenescendo. Com isso, e por ser um monarca astuto e ousado, decidiu polinizar as cinzas flores do seu jardim com a névoa estrangeira.

Quando as novas plantinhas nasceram e floresceram, embora ninguém visse mais beleza nas cinzentas flores, as crianças cada vez mais cantaram em torno daquelas que foram relegadas à margem do reino.

Com o passar do tempo, a alegria das crianças contagiaram os adultos que viram pela primeira vez o colorido das flores e sentiram seus magníficos perfumes... Apesar delas jamais deixarem de ser apenas cinza.


ESCRITO por ALEX AZEVEDO DIAS

terça-feira, 3 de maio de 2011

Meu Livro de Contos Publicado.


Meu livro de contos foi publicado e já está à venda. São 37 contos de minha autoria reunidos em 276 páginas. Como a gráfica da editora só imprime um exemplar sob demanda, é necessário se cadastrar na página da internet em que meu livro está em divulgação para comprá-lo.
Para adquirir um exemplar impresso do meu livro, acessem o site:
- Acabamento da capa: Papel Couché 300g/m², 4x0, laminação fosca.
Acabamento do miolo: Papel offset 75g/m², 1x1, cadernos fresados e colados, A5 Preto e Branco.
Formato: Médio (140x210mm), brochura com orelhas. -

ÍNDICE DO MEU LIVRO:
09 -----------------------------------------O Montinho de Livros
19 -------------------------------------------------- Morte na Folia
33 --------------------------------------------------------------- Cléo
39 --------------------------------------------------------A Amante
47 ------------------------------------------------------------- Katie
57 ------------------------------------------------O Baú Sonhador
69 -------------------------------------------------------Pedro Bege
77 ------------------------------------------------ Transamazônia
86 --------------------------------------------------A Ressurreição
99 ---------------------------------------------------------------Sexo
103 ---------------------------------------A Máscara da Verdade
109 ---------------------------- Romance em Tempos Perdidos
117 -----------------------------------------------------Elias Feijão
123 -----------------------------------------Jurandir, O Químico
131----------------------------------------------Túlio e o Terreiro
139 ------------------------------------------------------Eu Te Amo
149--------------------------------------------- Plácido, A Rainha
155-------------------------------------------------Cafés com Leite
163 --------------------------------------------------------Diálogos?
167 ------------------------------------------------------ Sapatando
173 ------------------------------------------- O Besouro de Praia
177 -----------------------------------------------------O Chamado
181 ---------------------------------------------------------À Janela
187-------------------------------------------------À Mesa do Café
193 --------------------------------------------------------Pedrazul
199 ----------------------------------------Santo Pai, Santa Bala
203 ------------------------------------------------Marta, Mulher
205 -------------------------------------- No Escorrer dos Afetos
211-------------------------------------------------O Amor do Ódio
221-----------------------------------------Quando o Sonho Vive
229---------------------------------------------A Análise de Lena
237--------------------------------------------------Dedos e Anéis
245------------------------------------------------------Toque-me!
251--------------------------------------------------Ser Sem Rosto
257--------------------------------------------Lágrimas e Suores
263----------------------------------------------------------O Vulto
269-------------------------------------------Estilhaços de Alma


Histórias armazenadas no baú do inconsciente infantil. Páginas em branco à espera do folclórico traço do autor. Desaparecimentos espetaculares. Retornos fantasmagóricos.

A confluência do imaginário com a realidade. Qual o ponto em que a ficção toca a realidade?

Será a ficção um conto fictício, ou realidades ditadas pela narrativa ficcional?

A literatura talvez não seja literal – mas litoral – fronteira de fantasias – a verdade do escritor.

Neste livro de contos, Alex Azevedo Dias escreveu estórias surpreendentes que levam o leitor a enigmas com inúmeras possibilidades. A inquietude fascinante da dúvida, contrapondo-se ao amortecimento das soluções.

Seus contos fazem pensar, refletir, rir e chorar. Um fôlego suspenso até a última linha. Personagens que vivem as situações-limite entre falsas realidades e fantasias reais

http://clubedeautores.com.br/book/36753--Os_Sonhos_Despertos

Agradeço e dedico o meu livro aos leitores deste blog no qual meus contos também estão publicados, e aos amigos queridos que me acompanham. Desejo uma excelente leitura! Espero que encontrem boas inquietações, calmarias, e os afetos essenciais para a existência, como tristeza e alegria. Abraços, Alex.