O recalque é o que há de mais Outro para um sujeito. Isso que retorna, repete, insiste, fazendo sintoma, é tomado pelo sujeito em sua dimensão exterior, estrangeira, estranha; pressionando para falar, como se fosse uma possessão demoníaca. Mas o sujeito, numa alienação, escolhe nada saber sobre seus impulsos mais íntimos, deslocando-os para o exterior. E o retorno desses impulsos recalcados, deslocados para o exterior, faz o sujeito sofrer como se fosse uma experiência de invasão. Freud já dizia: "... se a teoria psicanalítica está certa ao sustentar que todo afeto pertencente a um impulso pulsional, qualquer que seja a sua espécie, transforma-se, se recalcado, em angústia, então, entre os exemplos de coisas assustadoras, deve haver uma categoria em que o elemento que amedronta pode mostrar-se ser algo recalcado que retorna" (1919 - v.XVII - p.300).
E esse retorno que insiste, que pressiona, causando um estranhamento, é o que há de mais familiar para um sujeito, mas que atravessou distorções na fantasia através do mecanismo do recalque. Então, nesse retorno do material recalcado, expresso pela compulsão à repetição, fazendo sintoma, formações do inconsciente, captura o sujeito na ordem de seu complexo de castração. Essa experiência de inquietante estranheza, tomada pelo sujeito como vindo de fora, configurada como algo que vem de um lugar Outro, em sua radicalidade, é o lugar no qual o desejo do sujeito se inscreve. Então, esse Outro, essa alteridade do recalque que não cessa de retornar, de repetir, é o lugar por excelência onde o desejo se inscreve. O Outro, lugar desse desejo estranho, então, é o que há de mais íntimo para um sujeito.
texto escrito por Alex Azevedo.
segunda-feira, 23 de março de 2009
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Um comentário:
Parabéns Alex!
Muito bom ler um texto assim.
Abraços.
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