domingo, 5 de outubro de 2008

Capitalismo e Monoteismo.

No politeismo, pensando sobre a antigüidade grega, as pessoas tinham suas referências outorgadas pelo contexto regionalista. Por exemplo, o sobrenome das pessoas concerniam à localidade do nascimento. Como Parmênides de Eléia, sendo Eléia uma regição da Grécia; Heráclito de Éfeso, sendo Éfeso uma outra região grega. A organização na pólis fazia com que um povo de determinado lugar se reconhecesse mutuamente através de insignias regionais, caracterizando-os como a mobilização de uma extensa família. A família não se constituia pela lógica pai-mãe-filho, estando o patriarcado não no sentido de Pai, mas sim no sentido de Pátria. São povos paridos de uma região, não pela identidade paterna ou materna. Após o advento do monoteísmo, onde a representação unívoca de um Deus foi reduzida à figura parental, os povos, seus credos e etnias, filhos da pátria, foram constrangidos a uma identidade nuclear da idéia "moderna" de família. A idéia de pólis, portadora da grande família, em relação às pessoas que lá nasciam, foi destituida, dissolvida, estando o povo desmobilizado, descaracterizado, o que fez formar as divisões infinitesimais, perdendo as representaçõs que sustentavam o sobrenome como marca da região de origem. Com a dissolução do politeismo, as inúmeras figuras divinas forma reduzidas a uma única figura máxima, Deus. Então, as famílias regionais desfizeram-se, passando à formação nuclear da família em torno da figura máxima que as representa, o Pai. Nessa lógica linear, o capitalismo alavancou a sua circunscrição nesse suporte monoteista. A insignia regional foi esfacelada, e a insignia patronímica, a marca paterna estabeleceu a sua hegemonia.
Então, cada imperador passou, no monoteismo, a ser reconhecido como representante de Deus. Os teóricos do absolutismo vieram numa tentativa de legitimar esses representantes como autoridades divinas. As populações passaram a rodear a figura divina, passaram a se organizar através da centralidade de um mestre, um líder, um Rei que estivesse autorizado a representar Deus...O capitalismo passa a exercer o seu domínio através da estrutura familiar, na qual o Pai comparece enquanto representante de Deus em cada núcleo da constituição familiar. A identidade cultural de cada povo, na antigüidade grega, do "em-nome-da-pólis", foi dissolvido. Com o monoteismo implantado, a organização familiar de cada região, perdeu espaço para as castas, as organizações familiares em torno de um representante do "Pai". Com o advento do monoteismo, passou-se a ser caracterizado o "em-nome-do-Rei", o "em-nome-do-Papa"... e, enfim, o em "nome-do-pai". Cada família organizado na lógica pai-mãe-filho, deve "livremente", no capitalismo, demarcar suas individuações, consumindo e produzindo de modo a satisfazer as suas peculiaridades, os seus anseios de "identidade", assegurando suas referências da lógica de mercado: "você é aquilo que você compra", "você é aquilo que produz", reduzindo o papai-mamãe-filho a objetos com valores de troca e de uso.

texto escrito por Alex Azevedo.

2 comentários:

Paula Calixto disse...

"enfim, o em 'nome-do-pai'"

Eu diria, "em-começo". Pátrio-poder em uma nova "roupagem". A dinâmica do poder é a dinâmica do Falo.

A história não deixa mente-ir.

Beijos e parabéns pelo blogue! (;

D disse...

Creio que o capitalismo diminuiu por certo a essência humana, na medida que você é o que você possui.

D
www.imaginalismo.blogspot.com